Você sabe onde nasce a possessividade e o ciúme?
Quando uma criança completa dois anos de idade começa a entender a diferença entre gente e coisa, porque não tem a disponibilidade das pessoas como tem dos objetos. Assim, para conquistar a atenção e “ter” as pessoas como tem os brinquedos, a criança tenta entrar no mundo das pessoas onde, normalmente, a menina começa a imitar a mãe e o menino o pai. Essa investida vai se tornando profunda até que a criança acaba se envolvendo emocionalmente, ou seja, entra no Édipo, momento que o indivíduo desenvolve o seu modelo de relacionamento afetivo que poderá ser repetido por toda a vida.
O problema maior não é passar por isso e sim não passar.
Nos casos em que a criança, atingindo dois anos de idade, tiver alguém sempre atuando enquanto coisa, fazendo tudo o que ela quiser, haverá uma extensão da primeira fase e um atraso do período edipiano.
Na prática, este indivíduo vai continuar achando que gente e coisa são iguais e terá grandes possibilidades de tratar as pessoas como objetos na idade adulta.
Assim chegamos na possessividade, quando alguém trata o outro como propriedade, posse ou direito adquirido. Por exemplo os que declaram: “esta é a MINHA mulher, este é o MEU filho, este é o MEU carro e esta é a MINHA casa ”, tudo com o mesmo tom e da mesma forma.
Já o ciúme vem de um outro momento, ou seja, do Édipo. Entre três e sete anos de idade, apesar da busca desenfreada pela atenção integral da mãe, aos poucos a criança vai percebendo que nem sempre a genitora é maravilhosa e que, de vez em quando, torna-se brava ou exigente. Nessa hora, é até bom existir um pai, alguns irmãos ou qualquer outra pessoa que ocupe a mãe, de modo que eles fiquem com a chatice.
Assim, a criança vai aprendendo a compartilhar a mãe com os outros, sem perder a atenção e o afeto dela, aparecendo só quando está “boazinha”.
Nos casos em que a mãe vive integralmente para o filho, não havendo pai nem irmãos, é natural que a criança fique com a idéia de que amor é exclusividade; ou quando a mãe se submete exageradamente às vontades da criança nessa idade. Enfim, quem não aprende a compartilhar durante o período do Édipo, desenvolve potencialmente o ciúme.
Na Universidade de Harvard, EUA, a psicóloga Christine Hooker constatou, em sua tese de doutorado em psicopatologia, que o ciúme é uma combinação de possessividade e insegurança.
Uma pessoa insegura é aquela que não conhece os próprios limites, consequência comum de quem não olha pra si mesmo ou cujo amor próprio ficou para trás há muito tempo.
Encontramos assim a Mania Unipolar, que é um tipo de obsessão, ou vontade repetitiva, de um comportamento específico. Como no caso o ciúme.
Resolver este problema significa “ensinar” ao lado criança, presente em todos os adultos, que gente e objeto são diferentes, que as pessoas possuem identidade e vontade própria e que a lei garante o direito de ir e vir de cada um. O “maníaco ciumento” para resolver seu problema, precisa aprender a compartilhar e respeitar às pessoas, sem que isto lhe seja um sofrimento.
Mauro Godoy