Síndrome da Alienação Parental

alienacao-parentalCom o crescente índice de divórcios, crescem também número de conseqüências que a interrupção da família traz. Entre elas, a mais preocupante é a Síndrome da Alienação Parental, o processo de induzir uma criança a odiar um de seus genitores sem justificativa. Quando a síndrome se estabelece, a criança dá sua própria contribuição na campanha de desmoralizar o genitor odiado.

Na grande maioria dos casos, acontece no ambiente que a criança mora, geralmente na casa da mãe, porque é ela que tem a guarda na maior parte das vezes e a síndrome necessita de muito tempo para se instalar.
Mas existem casos encontrados em famílias de pais instáveis, ou em culturas onde tradicionalmente a mulher não tem nenhum direito concreto.
Para a criança, os limites em geral são desenvolvidos através do modelo dos pais. O pai representa os limites práticos e a mãe os emocionais. Havendo conflito entre os pais, estes modelos passam a se chocar internamente, como se um anulasse o outro. Desenvolve-se uma disputa entre a emoção e a razão que pode durar a vida inteira.

Segundo pesquisas desenvolvidas pela Family Courts nos Estados Unidos, os sintomas mais encontrados são da depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambientes normais, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, quando se conscientizam da injustiça ao genitor atacado, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade e às vezes suicídio. Os mesmos estudos revelam que, quando adultas, as vítimas da Alienação têm inclinação para o álcool e às drogas, e a reproduzir o mesmo processo com os seus próprios filhos.

Reagir diante desta doença significa optar entre dois rumos:
Quando há boa vontade ou o mínimo de cultura entre os envolvidos, pode-se tentar mediar, apontando as características positivas de cada pessoa envolvida, de modo a reverter o processo. Uma dica é não tentar transformar o ódio em amor, mas sim investir no respeito entre as pessoas.
A outra opção é recorrer à justiça, que atualmente está adaptada a esse processo devido ao alto número dessas ocorrências.

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A falta de independência dos filhos

Comparando com épocas anteriores, os filhos de hoje em dia estão demorando cada vez mais para assumirem a própria independência.
Apesar do problema de segurança nas grandes cidades, a maior causa desta mudança está na mentalidade e no comportamento dos pais.

Em países de primeiro mundo, o caminho dos jovens é mais ou menos previsível, pois há recursos suficientes para que ingressem na universidade por volta dos 17 anos, fase que acaba combinando com a saída de casa e com a autonomia.

Já nos países onde não há cobertura social, os pais são obrigados a bancar, conforme suas condições, os tais estudos ou pelo menos fornecer moradia enquanto os filhos tentam conseguir por si mesmos o que precisam. Assim, o caminho da rua vai ficando cada vez mais dramático e longo.
Esta situação vem alimentando potenciais psicológicos que são negativos e merecem ser observados e resolvidos, entre eles:

-A tendência da mãe ver o filho como um “eterno bebê”e desta maneira reforçar as dificultades do jovem;

-As pessoas que têm filhos como quem compra um animal de estimação para se divertir e ter companhia, por isso o crescimento seria um problema e a independência uma traição.

-Ou quem assume o ato de criar filhos como se fosse uma profissão ou ideal de vida.

Antigamente existia o “ritual da bênção”, onde a mãe emprestava o mátrio-poder ao filho que, quando saía, experimentava ser sua própria mãe, depois voltava e devolvia o papel de mãe.

Quando a mãe não “abençoa”o filho, ou seja, não deixa que ele aprenda a cuidar de si sozinho, ele vai ter então duas alternativas: Ou depende eternamente de alugém para cuidar dele ou assume viver sem mãe, quer dizer, abandonado, tornando-se um indivíduo sem asseio, bem estar ou estabilidade emocional.

Portanto, uma mentalidade superprotetora dos pais pode implicar limitação do desenvolvimento dos filhos.

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ESCOLHENDO BRINQUEDOS PARA CRIANÇAS

BrinquedosUrsos de pelúcia, bonecas e bichinhos, são brinquedos de afeto. Armas, artigos esportivos e jogos, estimulam a competição e a bola, em todas as idades, promove uma reação tão excitante que outros brinquedos sofisticados ficariam morrendo de inveja.

Em seu livro Homo Ludens, o historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945) chega a dizer que brincar faz parte não apenas da infância, mas de todas as situações da vida de uma pessoa e está na base do surgimento e do desenvolvimento da civilização humana.

É brincando que a criança desenvolve características como a criatividade, a inteligência, a concentração, a afetividade e a capacidade de resolver problemas. Também aprende a lidar com o respeito às regras e compartilhar, como nos jogos coletivos.

Os brinquedos ajudam no desenvolvimento da linguagem corporal, escrita e oral, como também ajudam a ampliar o vocabulário. É por meio das brincadeiras que as crianças elaboram vivências, põem em prática o que aprendem e desenvolvem formas de lidar com situações que mais tarde vão se deparar na vida adulta.

Ao comprar um brinquedo para uma criança, é importante ter em mente fatores básicos e fundamentais: Diferente da idéia que uma criança que só brinca com jogos inteligentes vai se tornar um gênio mais tarde, é provado que a diversificação dos brinquedos promove muito mais inteligência e que a repetição de atividades leva à compulsão, ou seja, ao vício. Portanto, é muito importante que os pais saibam disso e mantenham desde cedo uma variação de interesses ao filho.

É comum aos pais simplesmente proibirem o uso de um brinquedo por considerarem maléfico à educação das crianças. Proibir nunca é a melhor saída porque pode aguçar a vontade de ter. A saída é permitir controlando os horários. Com isso, o videogame será apenas mais uma das inúmeras atividades da criança.

Bonecas como a Barbie, que supostamente estimulam o consumismo e a futilidade, podem causar uma conseqüência muito pior: A frustração por não ter tido ou até um complexo de inferioridade perante as outras meninas que têm. A Barbie não é uma boneca comum, que a menina usa para desenvolver o instinto materno. Ela serve de “objeto de projeção”, quer dizer, uma jovem já crescida desempenhando atividades que a criança sonha participar. Na Psicologia, isto se chama Ludoterapia, uma forma prática de observar os sonhos, as emoções e desejos da criança. Além disso, estimula e desbloqueia o processo afetivo, o amor, que tem um princípio muito parecido em termos de transferência de sentimentos.

No caso dos revólveres de mentirinha, os educadores geralmente concordam que o uso não deve ser estimulado. Mas uma criança com excesso de agressividade contida vai buscar construir uma arma de qualquer maneira. Neste caso, artes marciais ou esportes de ação podem transformar o problema em solução.

Outra coisa importante é a compreensão da diferença entre necessidade e vontade. O prazer do dever cumprido é a satisfação da necessidade (coisa de adulto) e a realização da vontade é a felicidade. Por isso, se alguém quer ver uma criança feliz com um presente, saiba qual é a vontade dela, ou seja, deixe que ela escolha. Se achar que o produto não é adequado, tente mostrar o por quê. Por exemplo, se for um objeto frágil, que vai quebrar logo, explique isso à criança. Se estiver fora do orçamento, você pode fazer acordos. Por exemplo, falar que tem apenas cinqüenta reais para comprar um brinquedo naquele mês. Se o escolhido for o dobro do preço, fica combinado que ele valerá para o próximo evento.

A curiosidade é uma marca registrada da criança. Sempre que possível, faça o teste na loja. Deixe a criança brincar por alguns minutos, se o interesse pelo brinquedo for apenas curioso, ela poderá desistir antes da compra.

Cada geração carrega na memória lembranças dos “brinquedos da época”, que se tornam símbolos, ícones de acesso a emoções do passado. Um brinquedo importante para uma criança pode ser muito mais do que um objeto de consumo.

A verdadeira linguagem da criança é a mímica. Quanto menor a idade, menor o vocabulário e o domínio do idioma, por isso a criança tem dificuldade para entender o que o adulto fala, mas repete tudo o que ele faz. Neste caso, o brinquedo torna-se um instrumento para a criança se expressar. É uma forma de transmitir o que está acontecendo em seu mundo interior, conhecida como lúdica, ou seja, projetando nos brinquedos e nas brincadeiras o seu verdadeiro caráter.

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A criança antes da puberdade

The school environment can be stressful -- learn about the emotiComenta-se muito sobre as fases oral, anal, fálica e Édipo, até os sete anos, mas pouca gente fala sobre o que acontece entre os oito e doze anos, época que antecede a adolescência.

Entre 0 e dois anos a criança vive o prazer pela boca, a chamada fase oral, definindo conceitos de bom e mau, aprendendo a se comunicar e seduzir. Depois, entre os 3 e 4 anos, entra na fase anal, onde percebe que a comida ingerida sai por algum lugar, desenvolvendo o controle das vontades e o senso de higiene. Por fim, entre 5 e 6 anos, a descoberta dos orifícios se encerra com a fase fálica, onde a criança enfrenta as diferenças entre o masculino e o feminino, as discriminações, aprendendo a definir o que é bem e mal e o que é competir.  Lembrando que entre 3 e 7 anos, a criança vive o seu primeiro amor na fase do Édipo.

Ao completar 8 anos, existe o desenvolvimento da psicomotricidade, ou seja, a coordenação entre o pensamento, as vontades e os movimentos, uma integração entre o corpo e a mente, onde o autodomínio passa a ser possível. Isto leva a criança a preferir guardar as emoções mais profundas e lidar apenas com coisas simples e fáceis de serem compreendidas.
Segundo Sigmund Freud, esta é a fase de latência, que pode ir dos 7 aos 13 anos, dependendo da pessoa, e constitui uma época onde a inteligência e a frieza emocional predominam, quando as emoções, sufocadas ou esquecidas, somente aparecem nos momentos de explosão ou descontrole.

Entre 0 e 5 anos, a criança desenvolve o seu mundo interior, por isso dificilmente aceita regras ou sugestões vindas de fora.
Também é a época de transição de bebê para criança, às vezes difícil de passar, principalmente quando o bebê não convive com outras crianças e sim de adultos, o que pode fazer com que haja negação à mudança e a tentativa de pular etapa e passar de bebê para adulto.
Depois, dos 6 aos 10, vive completamente o mundo externo, tornando-se contemplativa e materialista. Dos 11 aos 13 anos surge um meio termo entre esses dois mundos, uma espécie de intercâmbio entre os próprios conceitos e as opiniões dos outros, chamada relação interpessoal ou saúde mental, onde as próprias opiniões são desenvolvidas, junto com a forma de se expressar e interagir.

A adolescência é o momento em que as emoções contidas do período anterior vêm a tona, como uma explosão, transformando subitamente uma criança racionalista em um jovem intensamente emotivo.

As gerações

Gerações-webPara Carl G. Jung a mente humana possui padrões de comportamento, denominados Arquétipos, que são verdadeiras referências de valores e virtudes. Se ampliarmos esta teoria vamos entender que a humanidade também tem comportamentos padronizados, que costumamos chamar de gerações, cada uma com um estilo ou mentalidade. Quando um padrão entra em moda, atinge seu auge e logo é superado por seu sucessor, sendo que este ciclo obedece uma média de 14 anos se observarmos histórica ou estatisticamente.

Começando por 1900, vamos encontrar um período onde a vida das pessoas era por demais voltada para a família. Houve um seriado na década de 80 chamado Os Waltons, símbolo de uma família unida, representando uma época de imigração e industrialização, mudanças radicais que voltavam as atenções para a origem de cada um, talvez como forma de referência. Assim foi a década de dez. Quem nasceu nessa época, foi lutar na Segunda Guerra para defender a família e morrer pela pátria.

Depois de 1914 até 1928, o boom da máquina tentando substituir os processos orgânicos, culminou no crash de 29. Houve uma esbórnia de consumo, tanto material quanto humano, onde a moda era viver cada momento como se nada fosse faltar no futuro, que era tão promissor quanto enganoso. Foi a época do charleston, da máfia, no Brasil o teatro de revista, onde a ordem era brilhar e se divertir, mentalidade que se manteve aos que nasceram neste período, criando líderes ambiciosos e boêmios felizes.

De 1929 a 1942, desapareceram os profissionais liberais e surgiram os operários convictos, com uma forma servil de entender o mundo. Pessoas que buscavam um “mundo perfeito”, criticando a geração anterior, substituindo a alegria pela obediência. Com o trauma e as demais consequências da crise de 29, a humildade e a sobrevivência passaram a virar moda. Surgiram grandes ditadores, não somente porque eles queriam mandar, mas porque o povo queria obedecer. Enquanto um mandava, milhões obedeciam. Costuma-se dizer que quem nasceu nessa época foi escravo dos pais e depois tornou-se escravo dos filhos. Na maturidade, com o poder nas mãos, criaram a ditadura militar, a Guerra Fria e trataram a natureza com desprezo.

Em 1943, a Segunda Guerra Mundial tomava um outro rumo com a invasão dos aliados na Itália e com o final da guerra, houve o início de um mutirão para reconstruir o mundo destruído.
Até 1956 um clima de união predominou estimulando uma mentalidade pacífica e fraterna (paz e amor) que ficaria incutida na geração das crianças nascidas nessa época.

De 1957 a 1970, a nova ordem era uma combinação de sexo, drogas e rock and roll.
O movimento hippe simboliza perfeitamente o clima que existiu nos 15 anos anteriores e a influência sob os que nasceram nele. Surgiu o maniqueísmo, dividindo o mundo em esquerda e direita. Quem não tinha tradição, família rica e propriedade, foi massificado e condenado a viver entre a ignorância e a pobreza, os que ousavam ter opinião própria eram punidos. Só restava mesmo ouvir música, drogar-se e fazer sexo.

Entre 1971 a 1984, uma época onde o exagero, dos cabelos compridos, a roupa colorida, a aventura e o bom humor viram moda.
Era comum acampar, pegar carona e filosofar. A pressão dos poderosos que impunham um mundo dividido entre ricos e pobres atingia o seu auge, para encarar depois a decadência. As consequências do exagero e do encontro com a liberdade também chegaram. O sexo conheceu a AIDS e a juventude cansou de pregar a paz e o amor, tornando-se punk.
O computador tornou-se doméstico, apontando para uma maior atenção ao conhecimento pelos meios de comunicação. Quem nasceu nessa época, costumava usar boné, como fosse um símbolo de aventura, mas sua intimidade com a informática e os videogames superariam o gosto pelo movimento.

De 1985 a 1998 surgiu o Yuppie, o Mauricinho e a Patty, um período em que ser bem sucedido, ter um gordo salário, um bom carro e poder comprar tudo o que quiser passou a ser um modo de vida de quem é vitorioso. O trabalho e o crescimento financeiro superaram o amor, a família e, muitas vezes, o bem estar. A tecnologia dispara e a população mundial cresce cinco bilhões em 55 anos, saindo de um bilhão e meio de pessoas em 1945 a seis bilhões no final do século. Foi ficando cada vez mais difícil se tornar Mauricinho e sustentar a Patricinha.

Desde 1999 até 2012, o vazio causado pela geração anterior, obsessiva pelo trabalho, pode ser comparado às “bolhas” que surgiram nas economias americana, européia e chinesa. O excesso de trabalho, valorizando o status, deu espaço à busca pela qualidade de vida, simplificação da sobrevivência, enfim à tecnologia. A substituição da mão de obra gerando desemprego e a praticidade dos relacionamentos via internet acabam criando um tempo ocioso que o homem nunca teve. Comprar, vender, estudar, trabalhar, conhecer pessoas, namorar e até fazer sexo tornou-se possível dentro do mundo virtual. A “solidão online” passou a ser moda e como qualquer outra, encontrou o seu lugar.

Seguindo essa teoria, à partir de 2013 até 2027,  o desemprego e as preocupações com sobrevivência passam a colocar cada indivíduo a pensar no que deu errado com o conjunto. A influência política sobre a vida de cada um e a defesa das ideologias viram moda. Cada um participa como pode. Uns escrevem no Facebook, outros saem às ruas, uns matam e outros se explodem. A dedicação à tomada de rumo coletivo vai até 2017, causando exaustão.

Entre 2028 e 2041 a probabilidade da exaustão com as preocupações sociais gerarem uma onda de individualistmo é muito grande. A tecnologia avançada pode alimentar a possibilidade de cada um viver em seu próprio mundo, depender dos seus próprios valores e amar suas próprias ideias.

Afinal, a humanidade leva 14 anos para ficar cansada, depois parte pra outra…

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Artigos

DROGAS

O QUE VOCÊ PRECISA APRENDER SOBRE O ASSUNTO

A experiência de especialistas que mais entendem do assunto no mundo das drogas, estudos mais recentes e a vida de quem se tornou dependente.
Tudo para você saber exatamente quais perigos está correndo, sem ter que experimentar.

MACONHA

O que é? Uma mistura de flores e folhas secas da planta Cannabis sativa, que tem altas concentrações de THC. No Brasil, maconha costuma ser vendida prensada (amassada para ocupar pouco espaço), o que facilita o tráfico.
Quando se tornou ilegal: Em 1830, rolou a primeira lei no Brasil, proibindo o uso e a venda da droga no Rio de Janeiro. Antes disso, e há pelo menos 2 mil anos, ela era usada para saúde. Na China, maconha era remédio para prisão de ventre, cólicas menstruais e falta de apetite. Na Índia, era ingrediente essencial da medicina ayurvédica e, para os budistas da tradição Mahayana, foi graças à dieta de uma semente de maconha por dia que Buda atingiu o Nirvana.

Tempo para fazer efeito: 5 minutos. E pode durar até 6 horas.

Sensações que dá:
• Relaxamento. A pessoa fica “aérea”, ri à toa, perde a noção do tempo.
• Mais sensibilidade – a audição, por exemplo, fica mais aguçada.

Efeitos colaterais:
• Zero de concentração. A maconha afeta o hipocampo, uma espécie de carteiro do aprendizado: ele leva as informações que chegam no cérebro até a memória. Se esse carteiro está “dopado”, não trabalha bem. Por isso, sob efeito da droga, não dá para entender uma aula de matemática.
• Falta de equilíbrio e coordenação motora, 2 coisas indispensáveis para tarefas como dirigir (com segurança, pelo menos).
• Olhos vermelhos. A droga dilata os vasos sangüíneos.
• Larica. O THC interfere na parte do cérebro que regula a fome.

Riscos a longo prazo: Maconha é a droga ilegal mais popular no mundo, mas ainda sabemos pouco sobre seus riscos. Por exemplo, já sabemos que sua fumaça tem mais substâncias cancerígenas que o cigarro, mas ainda não há provas de que ela cause câncer. Os médicos também já descobriram que a droga interfere no sistema reprodutor, mas ainda não têm certeza se isso diminui a fertilidade. Mas atenção: o fato de não haver provas de que cause tal problema não prova o contrário, ou seja, que ela não causa o problema.

Risco de dependência: Baixo. De 5 a 8% dos usuários ficam viciados (mas, para esses, a dependência é séria e causa até crises de abstinência). Mais de um baseado por semana, durante 3 meses, já pode levar a sintomas de abstinência.

É verdade que quem fuma maconha fica lesado? Ninguém sabe de verdade se é assim que a coisa funciona. O estereótipo do maconheiro é um cara paradão, sem disposição para nada. Esse estado tem até um nome científico: “síndrome amotivacional” e costuma acontecer com jovens que fumam muita maconha, por muito tempo. Só que não existem provas científicas de que a leseira permanente seja culpa da maconha. É um problema parecido com o do ovo e da galinha. O cara prefere passar o dia ouvindo Bob Marley em vez de estudar porque fuma maconha? Ou fuma maconha porque nunca gostou de estudar e curte as idéias do jamaicano? Para ter certeza, precisaríamos saber como esse garoto seria se nunca tivesse tido contato com a maconha. E, na prática, isso é impossível.

A maconha prejudica a memória para sempre? Não. A maconha afeta a memória enquanto alguém fuma. Se a pessoa pára, a memória volta à forma original. Para a maconha causar danos permanentes seriam necessárias doses altíssimas de THC – os cientistas só registraram a morte de neurônios em ratinhos de laboratório que recebiam injeções constantes de THC, direto no sangue.

COCAÍNA

O que é? Um pó branco feito a partir das folhas de coca, vendido em saquinhos de plástico (chamados de papelotes).

Quando se tornou ilegal:No Brasil, a proibição veio em 1921, depois que muita gente começou a morrer por overdose. A primeira vez que alguém extraiu o pó branco da planta de coca foi em 1862. Nessa época, a substância começou a ser usada como anestésico para cirurgias e, logo, era vendida em farmácias como um remédio “excelente contra o pessimismo e o cansaço”.

Tempo para fazer efeito: Menos de 5 minutos. E desaparece em cerca de meia hora.

Sensações que dá:
• Euforia. A cocaína aumenta a concentração de uma substância que é sinônimo de prazer: a dopamina (a mesma substância que seu cérebro libera quando você faz sexo ou come chocolate, só que a cocaína faz ela chegar a níveis que nenhum orgasmo proporciona).
• Estado de alerta. A droga aumenta a liberação de adrenalina, o hormônio das situações de perigo. Isso deixa a pessoa em alerta, “ligadona”.

Efeitos colaterais:
• Aumenta o risco de enfarto em 24 vezes, mesmo em quem não tem nenhum problema de coração. A adrenalina faz seu coração bater mais rápido e contrai até os músculos que envolvem os vasos sanguíneos. Ou seja, fica muito difícil para o coração bombear o sangue por aqueles canaizinhos. Às vezes ele não agüenta, e pára.
• Uma espécie de depressão, da hora que o efeito acaba até 2 dias depois. É quando o cérebro está repondo as reservas de dopamina.

Riscos a longo prazo: Quem usa perde a vontade de fazer qualquer outra atividade, porque o sexo e as outras coisas que antes davam prazer viram brincadeira de criança quando comparadas ao efeito de uma dose forte de cocaína. Como é cheirada, a cocaína também leva a problemas respiratórios, como rinite.

Risco de dependência: Alto. 40% de quem usa fica fissurado por outra dose assim que o efeito passa. O problema é mais grave porque cocaína causa tolerância imediata: é preciso uma dose cada vez maior para obter o mesmo efeito. Quem pára tem problemas sérios de motivação.

É verdade que…
… traficantes misturam farinha na cocaína?Farinha não é a susbtância mais comum, mas a cocaína vendida nas ruas do Brasil está longe de ser pura. Um levantamento feito pela polícia, em 2005, mostrou que um quinto da cocaína vendida nas ruas de São Paulo tem menos de 10% de… cocaína. Isso mesmo. 90% do pó branco que os traficantes vendem por aí é feito de qualquer coisa bem barata, que engana o comprador e aumenta o lucro de quem vende. As substâncias que mais aparecem na mistureba são estimulantes e anestésicos, maisena, bicarbonato de sódio, talco e até gesso.

… um fio de cabelo entrega se você usou? Sim. Nosso cabelo é como se fosse uma impressão digital de tudo que consumimos. A posição dos resquícios no fio mostra se a droga foi usada há pouco tempo (próxima da raiz) ou muito tempo (mais para a ponta). Como o cabelo cresce em média 1 centímetro por mês, dá para calcular o consumo mês a mês, num período de até 90 dias. O teste pega qualquer tipo de droga e mesmo em doses pequenas. Aqui no Brasil, tem uma empresa que oferece o serviço e manda o fio de cabelo suspeito para um laboratório nos Estados Unidos.

ECSTASY

O que é? Uma droga sintética (ou seja, é feita em laboratórios e não de uma substância natural) feita de metilenodioximetanfetamina, ou, para os íntimos, MDMA. É vendida em comprimidos com, no máximo, 30% do princípio ativo.

Quando se tornou ilegal: Em 1985, 63 anos depois de sua invenção. O ecstasy foi criado meio sem querer. Um farmacéutico queria achar um moderador de apetite e chegou ao MDMA. Só que ele percebeu que o remédio tinha muitos efeitos colaterais e arquivou a descoberta. 50 anos depois, um outro cientista retomou as pesquisas com MDMA porque queria descobrir um remédio para aumentar a libido. Criou o ecstasy e o apelidou de “droga do amor”.

Tempo para fazer efeito: Uma hora. O pico acontece 2 horas depois e o barato dura 6 horas.

Sensações que dá:
• Bem-estar. O MDMA estimula a liberação de grandes quantidades de serotonina, substância que também regula as sensações de prazer.
• Alucinações táteis – a pessoa fica ultra-sensível ao toque.
• Aumento na afetividade (daí o apelido “droga do amor”).

Efeitos colaterais:
• Aumento da temperatura do corpo, que pode causar febre alta.
• Desidratação. Seu coração bate mais rápido. Isso, para quem está com o corpo quente e dançando sem parar, leva à perda excessiva de água.
• Ranger de dentes e pupilas dilatadas.

Riscos a longo prazo: Rola muita polêmica sobre isso. Em 2002, o cientista que mais estuda MDMA no mundo disse que uma única dose aumenta as chances de Mal de Parkinson. Só que, em 2003, ele admitiu que estava errado e fez todo mundo desconfiar dos estudos sobre os perigos da droga. De uma coisa, no entanto, eles têm certeza: em grandes quantidades, ecstasy prejudica o fígado. Os cientistas também suspeitam que a droga cause depressão.

Riscos de dependência: Incerto. Tem estudo que diz que só 3,8% das pessoas ficam dependentes. Outros falam em 35%. O que se sabe é que o ecstasy não dispara compulsão física por novas doses e não causa abstinência. Mas pode causar dependência psicológica: tem gente que só consegue se divertir numa festa se tem uma “bala” para tomar.

É verdade que…
… dá para morrer de tanto tomar água? É raro, mas acontece. Em 1995, a inglesa Leah Betts bebeu uns 7 litros de água em uma hora e meia e morreu. Ela tinha tomado um ecstasy e achou que estava se protegendo da desidratação. Só que não sabia que mais de um litro de água por hora é perigoso. O que rola é o seguinte: normalmente, nosso corpo elimina água fazendo xixi. Só que, por causa do ecstasy, o rim começa a mandar água de volta para a circulação, e não para a bexiga. Aquele tanto de água acaba diluindo os sais do sangue que, mais ralo, entra nos órgãos, inclusive no cérebro, e leva à morte. Isso não significa que o melhor é não beber líquido, mas que o ideal é beber algo com sais minerais, como Gatorade. E sem grandes exageros.

… que ecstasy dá espinhas? Não. Essa é uma crença comum, só que não há provas de que a droga tenha qualquer relação com o aparecimento de espinhas. O que rola é que o consumo de ecstasy – e de drogas, em geral – costuma vir acompanhado de coisas que fazem mal para a pele: beber álcool (que detona o fígado) e dormir na volta da balada sem tirar a maquiagem são 2 exemplos.

LSD

O que é? Uma droga feita de uma substância química natural, encontrada num caramujo. A sigla LSD vem de Lysergsäurediethylamid (quê?), palavra alemã para dietilamida de ácido lisérgico (ah!). Alguns microgramas (bem pouco mesmo, porque a droga é muito potente) são diluídos em água e um pedacinho de papel é colocado nessa mistura. Depois que a água seca, o papel retém a droga.

Quando se tornou ilegal: Em 1965, nos EUA, e em 1971, no resto do mundo. Antes disso, a droga fez a festa dos jovens dos anos 50 e 60 e foi usada em várias pesquisas para curar doenças. O LSD ficou conhecido em 1943 quando um químico suíço engoliu, sem querer, um pouco de uma poção esquecida nas suas prateleiras. Ele teve uma viagem tão alucinante que repetiu a experiência 3 dias depois para ter certeza do que tinha vivido.

Tempo para fazer efeito: De uma a 2 horas.

Sensações que dá:
• Alucinações. A pessoa vê e ouve coisas de forma exagerada e distorcida. Tem quem fique deslumbrada com isso, mas muita gente entra, literalmente, em pânico (são as chamadas bad trips).

Efeitos colaterais:
• Aumento da temperatura do corpo.
• Aumento da pressão arterial.
• Confusão mental.
• Nenhuma capacidade de concentração.

Riscos a longo prazo: A ciência não entende exatamente por quê, mas uma parte de quem toma muito LSD sofre os chamados “flashbacks”. De repente, dias ou semanas após a última dose, a pessoa volta a sentir efeitos da droga. Em quem tem predisposição a doenças psíquicas, a droga acelera o desenvolvimento.

Risco de dependência: Inexistente. Ao contrário de outras drogas, o LSD não faz o usuário querer repetir a dose compulsivamente. Os cientistas perceberam isso quando deram várias drogas a ratinhos cobaias e ensinaram a eles onde poderiam conseguir mais. Com heroína, cocaína, álcool ou maconha, os ratinhos tomavam todas as doses disponíveis. Com o LSD, eles experimentaram a droga uma única vez (não deve ser à tóa, né?)

É verdade que…
… você não pode mais ser preso se for pego com drogas? Sim. No dia 23 de agosto, passou a vigorar no Brasil uma nova lei. Agora, quem é pego usando não pode mais ser preso. Só que isso não significa que a droga deixou de ser crime. “Quem for pego em flagrante vai do mesmo jeito para a delegacia, presta depoimento e deixa de ser réu primário”, diz a advogada Janaína Conceição Paschoal, da Faculdade de Direito da USP.

O que mudou foi a punição. No lugar de passar uns meses no xadrez, o cara vai ter que prestar serviços comunitários e/ou freqüentar um curso sobre entorpecentes durante 5 meses. Se não for a primeira vez, a pena dobra para 10 meses. Além de aliviar para o usuário, a nova lei endureceu com o traficante, cuja pena mínima pulou de 3 para 5 anos na cadeia. O problema da nova lei brasileira é que ela não é clara sobre a diferença entre os 2 tipos de crime. Não existe, por exemplo, uma quantidade específica de cada droga para diferenciar usuário e traficante. “E isso dá muito poder à polícia. O delegado pode interpretar que a pessoa detida é um traficante e fazê-la esperar o julgamento na cadeia. E isso pode significar mais de um ano preso”, diz Janaína.

LANÇA PERFUME

O que é? Um odorizador de ambientes (isso mesmo, é feito para deixar um cheirinho bom na sala ou no quarto) que virou moda graças ao preço baixo e à facilidade para comprar. Ele faz parte do grupo das drogas inalantes – que também inclui o clorofórmio (loló) e a cola de sapateiro.

Quando se tornou ilegal: No Brasil, em 1961. Antes, lança-perfume era o hit dos bailes de Carnaval e todo mundo cheirava livremente. Na Argentina, que produz o famoso tubinho “Universitário”, a droga só foi proibida em abril de 2005. A polícia diz que os lança-perfumes que continuam chegando no Brasil são os últimos lotes da produção de lá e que, em breve, a festa vai acabar.

Tempo para fazer efeito: imediatamente após inalar. E passa muito rápido.

Sensações que dá:
• Anestesia dos sentidos. Os inalantes diminuem o ritmo de funcionamento dos neurônios.
• Perda da inibição e do autocontrole. Essas reações vêm depois de muitas doses. É como se a pessoa estivesse bêbada.

Efeitos colaterais:
• Perda de consciência. Tem gente que desmaia quando inala (por causa da queda de pressão) e isso leva a um efeito colateral ainda pior: ao perder a consciência, você corre o risco de cair ou se afogar. Esses acidentes matam mais que o consumo da droga em si.
• Necessidade de consumir mais, assim que o efeito passa.
• Morte. Algumas pessoas só precisam de uma dose de inalante para sofrer paradas do coração, mesmo que elas sejam jovens e saudáveis.

Riscos a longo prazo: Os inalantes podem causar danos irreversíveis ao sistema nervoso, se você usar por muito tempo. A cola de sapateiro, por exemplo, destrói uma parte dos neurônios, causando uma espécie de retardamento mental. Os rins e o fígado também sofrem, sem conseguir eliminar o excesso da droga.

Risco de dependência: Médio. Uma pesquisa de 2004 com jovens de 12 a 17 anos, nos Estados Unidos, descobriu que 11% dos que consumiram inalantes há menos de um ano tinham sintomas de dependência.
Diário de viagem

Nossa repórter passou um dia numa clínica de reabilitação e conta como é a vida de quem não voltou numa boa de uma experiência com drogas

Eram 9 da manhã quando passei pelo detector de metais da clínica de reabilitação Maxwell, em Atibaia, São Paulo. Se não fosse por isso – e pelas cercas elétricas lembrando que ninguém está aqui porque quer – seria fácil imaginar que eu estava num hotel cinco estrelas. Às 9h15, no encontro terapêutico, fui apresentada aos internos. Gabi tem 20 anos e chegou há 2 meses e meio: crack. Marisa tem 33 e está por lá desde os 27: heroína. Seu Antonio tem 68 e é a segunda vez que aparece: álcool. Eduardo, que já foi e voltou mais de 60 vezes, a primeira aos 18, tem 38 anos: cocaína. Gabi foi internada pelo pai, que só percebeu que ela fumava crack quando as folhas de cheque começaram a sumir. O jeito foi desembolsar um cheque gordo e levar a filha, à força e amarrada, para a clínica. Ela mora na área vip: são 30 mil reais por mês.

O tratamento dura no mínimo 4 meses, e pode levar anos. “Você chega e fazem vários exames, não dá para esconder nada dos pais. Um monte de gente em cima: psiquiatra, psicólogo, enfermeira… Aí te internam e você vê que está sozinha. É você e você pensando, pensando, pensando… é foda”, diz Juliana, 19 anos, internada há um mês: LSD e maconha. Na clínica, os pacientes têm várias atividades: malham, pintam, assistem a TV, dormem, comem ou procuram maneiras de burlar as regras. Gabi mente sempre que pode – inventa para o pai que está sendo espancada, que a tratam mal, tudo para sair dali. Para quem é viciado, não fumar crack é difícil, dá dor de cabeça, ansiedade e falta de ar. Para esquecer, Gabi toma calmantes, faz bijuterias de miçanga e come 10 bombons Ouro Branco antes de dormir. Sem droga e bem alimentada, ela está gordinha, mas quando chegou era só pele e osso. O crack é um poderoso inibidor de apetite. E de muitas outras vontades também.

Quando lembra da vida que levava, Gabi jura que nunca mais vai fumar, mas, no minuto seguinte, diz que o que mais sente falta é do crack e dos amigos e que não vê a hora de sair e que precisa ligar e que precisa sair, precisa sair e sai andando. Eu fico falando sozinha. “Tenho medo de ficar como as pessoas daqui… Chegar num ponto em que é irreversível”, diz Juliana. Não é um medo infundado: 70% dos viciados têm recaídas. Não é um buraco fácil de escalar, esse das drogas.”Quando sair daqui quero terminar a faculdade de turismo, que tá trancada, e trabalhar”, diz Juliana. Gabi quer a mesma coisa, assim como Pedro, 26, que morava em Londres e chegou ontem na clínica; e João, 25, que tomou chá de cogumelo uma vez e nunca mais voltou da viagem.

João é daqueles casos que desconcertam as estatísticas. Os amigos dele, que beberam do mesmo chá, seguiram a vida, são pessoas comuns. João nunca mais foi o mesmo – ele teve um surto esquizofrênico depois da experiência. Quando o tratamento vai chegando ao fim, o interno passa por um período de “desmame”: sai da clínica de vez em quando para se acostumar à vida fora. E para que dê tempo de avisar todo mundo que fulano volta do “intercâmbio” no dia tal. A Gabi, por exemplo, está nos EUA estudando. Juliana viajou com uns amigos e Pedro contou ao pessoal de Londres que ia passar um tempo visitando parentes no Brasil. Todos eles, sem data programada para a volta.

* Todos os nomes citados são falsos, para preservar a identidade dos entrevistados.

Quem deu as informações • Fabrizio Schifano, psiquiatra, professor de farmacologia clínica da University of Hertfordshire, Inglaterra; Silvia Saboia Martins, pesquisadora do Departamento de Saúde Mental da Escola de Saúde Pública John Hopkins, EUA; Dartiu Xavier da Silveira, psiquiatra especializado em dependências químicas e professor da Escola Paulista de Medicina, Unifesp; Adriano Maldaner, químico, perito do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal; Riad Naim Younes, pneumologista do Hospital Sírio Libanês e professor de medicina da USP; Janaína Conceição Paschoal, da Faculdade de Direito da USP; Luiz Fernando Lapa das Neves, psicólogo da clínica de reabilitação Maxwell

Agradecimentos • Amanda Alonso, terapeuta ocupacional, e Evelyn Duarte Vasques, psicóloga, da clínica Maxwell

 

ENTREVISTA COM MAURO GODOY:


1- Como saber se os filhos estão usando drogas? Quais os pontos que devem ser observados no
dia-a-dia?

R: O jovem na adolescência tem mudanças repentinas e naturais que muitas vezes podem se confundir com as mudanças de comportamento que um usuário de droga também tem.Portanto, devemos ter cuidado para não generalizar e acabar nos tornando inimigos dos próprios filhos.
Depois disso, devemos nos aprofundar na forma de enxerga-los e procurar entender se há satisfação na vida que eles levam. Se sim, ao percebermos qualquer sintoma do uso de droga, como o cheiro de maconha nos dedos (este demora muito tempo para desaparecer), olhos vermelhos, dilatados, sonolentos
ou arregalados, etc, podemos estar diante de uma situação de simples satisfação de uma curiosidade que não significa, necessariamente, um vício ou dependência. É como ouvir uma piada, você ri a primeira vez que ouve e na segunda vez não ri mais, porque já conhece. Se não, tome cuidado, pois pode estar havendo o encontro de um mundo de prazeres gigantescos que somente nos melhores momentos da vida sentimos. Sensações de felicidade, alegria, entusiasmo, bem estar ou alívio de esquecer as más emoções, que podem estar sendo adquiridas de forma prática, cujo preço é pago em dinheiro e risco.

2- Caso haja uma suspeita, como agir num primeiro momento?

R: Volto a dizer que não devemos assumir a postura de inimigos dos filhos, tente agir como se o problema fosse com você. Tente entender porque houve ou está havendo esta experiência e assim encontrem a solução juntos.

3- Como ajuda-lo? Dicas.

R: A droga pode ser vista como “fonte de prazer” mas, na prática, torna-se facilmente uma fonte de vontades inconscientes (vício) que podem se alastrar em outras atitudes da pessoa. Quero dizer que se treinarmos nossa personalidade para ser viciada, poderemos nos viciar em muitas coisas, como mentir, falar, beber, comer, dançar, sexo, etc. Chamamos de atitude compulsiva, que leva o indivíduo a não ser dono de si mesmo e ter dificuldades para evoluir diante da vida. Portanto, quando variamos nossas atividades e avançamos em nosso sucesso a nossa curiosidade aumenta e o prazer passa a ser gerado pela vida, pelo mundo e pela relação entre as pessoas. Quem não tem a oportunidade de experimentar as boas coisas do mundo acaba tendo que apelar para as reações químicas do organismo para sentir algo bom.
O amor, o sexo com quem se ama, o paladar, são exemplos disso. Mas e quem não tem nem isso? Se for idoso, vai entrar em depressão e encontrar desesperança com a vida. Mas se for jovem, a depressão vai ser substituída pela curiosidade e então alguma coisa vai ter que preencher os vazios, a falta
de prazer.
Possibilitar que haja satisfação, coisas boas, é uma grande solução para o problema das drogas. E são as pessoas evoluídas, os adultos, os pais que devem ser os “criadores de oportunidades”, não as crianças e os jovens. Quem administra o mundo não são eles.

4- Há como evitar que eles experimentem ou se tornem usuários de drogas? De que forma?

R: As consequências físicas e sociais das drogas são suficientemente convincentes para qualquer pessoa inteligente não querer. Apele para a inteligência deles, procure informá-los da realidade que ela mesma, por
si só, faz o trabalho.

5- Qual o papel do pai e qual o papel da mãe nesses casos? Há um culpado? Sim ou não e por que?

R: Os pais devem lembrar, mesmo não querendo, que filho não é um canarinho que a gente compra em lojas de animais e cria para nos distrairmos enquanto ele viver. Devemos respeitar o ser humano que está ali e permitir que tenha uma identidade.
Uma pessoa tem a obrigação de buscar seu próprio prazer. Se mal orientado, errará o caminho. Se não orientado, tentará todos até encontrar algum.
Será que podemos culpar a falta de criatividade do filho por experimentar drogas ao invés de encontrar as mesmas sensações causadas por elas nas atividades bem sucedidas da vida? O papel dos pais é ensinar, mais do que fornecer ou cobrar.

6- Como iniciar a conversa com o filho?

R: Havendo intimidade e confiança, tudo fica muito fácil. Sem estes ítens, tente usar os mesmos termos que vem usando normalmente, como se estivesse falando sobre notas na escola, assuntos familiares, etc. Não faça uma novela mexicana, pois isto irá estimular uma atuação teatral que só irá deixar a conversa superficial e trajicômica. A busca é encontrar a pessoa, a essência, para que a vontade de usar droga seja atingida e não a prática ou a atitude.

7- Quando se deve procurar ajuda profissional?

R: Caso não haja capacidade de resolver o problema pessoalmente.
Penso que é melhor ser humilde e buscar ajuda do que fingir que está resolvendo.


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O Sistema Nervoso Central

O Sistema Nervoso Central, S.N.C, é constituído pelo Sistema Límbico, Tálamo e Hipotálamo.

O Tálamo envia as ordens voluntárias para o corpo como andar, parar, se movimentar, etc. Se este recebe uma ordem errada do Sistema Límbico, então cometemos um “ato falho” que é um erro causado por uma distração, como procurar os óculos sendo que eles estão no rosto.

O Hipotálamo é responsável pelas ordens involuntárias, aquelas que não dependem da gente. Como o batimento cardíaco, o abrir e fechar das válvulas, produção de enzimas, hormônios, etc.
Uma ordem errada para este último pode significar uma tragédia, ou seja, uma doença.
E para este tipo de problema o nome dado é psicossomatização.
Quando um médico diz ao seu paciente que fisicamente ele não tem nada, é psicológico, está dizendo que o problema é psicossomático.
Por isso que uma mente equilibrada reflete um corpo saudável.

Quando guardamos sentimentos ruins, “pondo uma pedra em cima”, “segura na mão de Deus”, fazemos “vista grossa”, enfim “engolimos sapos” estamos investindo na fábrica de doenças que todo nós temos.
No momento que o problema é recente, ficamos emocionados, deprimidos ou incomodados até que em algum momento a sensação passa. No lugar, não aparece um alívio mas um vazio.

O fato é que nesse ponto o problema deixou de ser sério para ser grave, pois perdemos o domínio, a consciência do conflito que vai se resolver sozinho, inconscientemente no Sistema Límbico.

Assim nascem os traumas, complexos e neuroses, respectivamente. O trauma pode ser visto como “uma ferida na alma”.
Segundo Carl G. Jung, estas “feridas” se alojam na Sombra, uma parte do inconsciente pessoal onde nossos traumas se instalam onde tem muito mais para piorar do que melhorar.
O trauma pode evoluir e se transformar em complexo. Como por exemplo o complexo de inferioridade, que faz com que alguém veja como arrogante todos aqueles que estão acima. Ou de culpa, que leva o portador a pedir desculpas o tempo todo.

A evolução do complexo é a neurose, momento em que o trauma atinge sua fase madura e ganha comando próprio, como um ser independente que habita a mente de alguém.

O crescimento deste pode levar à esquizofrenia, a divisão da mente. Como um espelho partido ao cair.
Quando a neurose se manifesta, o nome que se dá é a histeria.

Socialmente, tem-se a histeria como uma simples mudança de comportamento tornando alguém, espontâneo, nervoso, enfim “atacado”. Puro engano.
A histeria pode manifestar-se como qualquer doença. Principalmente manchas de pele, paralizia, bronquite, disfunções cardíacas, enxaquecas, perda de audição, fala e até cegueira, entre outras.

Portanto, não se deve subjugar os sentimentos, mas enfrentá-los com toda a coragem que nós tivermos. Tanto para os maus como também para os bons, pois é com eles que exercitamos a aceitação deles.

Dizer que devemos responder tudo com os sentimentos também é errado pois a saúde mental não é constituída apenas por este elemento, mas também da percepção do pensamento e da ação.
Aí encontramos a formação do consciente da pessoa. Um equilíbrio entre esses quatro:
Percepção, sentimento, pensamento e ação.

O equilíbrio entre eles gera saúde. A falta ou o desequilíbrio leva ao caos.

Mauro Godoy


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Artes marciais para mulheres 

A prática de artes marciais vem crescendo tanto nos últimos anos que se tornou febre em Nova York, entre as celebridades que descobriram o Kung Fu, também na França e Rússia onde a predileção é o Judô.
Mas o que chama mesmo a atenção é o aumento do número de mulheres que vem procurando este tipo de esporte.
Em suas pesquisas, o psicólogo especializado em Antropologia Mauro Godoy revela que um dos grandes motivos das pessoas procurarem esportes é o de testar os próprios limites e saber como lidar com eles. “Imagine você entrar em um supermercado com um talão de cheques para fazer compras, sem saber quanto tem no banco. Quanto mais conhecemos nossos limites, mais segurança temos e este conhecimento precisa ser testado periodicamente, já que mudamos todos os dias. Os esportes em geral proporcionam este auto-conhecimento, mas nem todos são tão completos, e baratos, quanto as artes marciais. Saber administrar a própria força e agressividade, não deve ser exclusividade dos homens. Em um mundo competitivo, conviver com a raiva, defender e atacar, são realidades freqüentes e a mulher vem participando disso tanto quanto o homem”, conta o terapeuta.
O Judô desenvolve a flexibilidade, os reflexos, a rapidez dos julgamentos e tem um sentido filosófico, principalmente se compararmos com os acontecimentos na vida, de saber cair e se levantar. O Karate-dô é excelente para treinar foco, explosão, ou seja, ter domínio sobre si mesmo. O Kung Fu está entre os mais completos, pois exige uma bateria de atividades que vão desde a meditação até o uso de antigas armas de guerra.
A psicóloga e empresária Vera Lucia Sugai é faixa preta de Judô e de Aikidô. Aos 59 anos, iniciou suas atividades marciais aos 49 e que não vê prática mais oportuna para o mundo em que vivemos:
“Um enorme contingente de mulheres poderia optar por uma arte dessas não o fazem por acharem violentas ou exclusivamente masculinas. Puro engano, visto que favorece em muito a saúde, a beleza corporal, a firmeza de toda a musculatura e a postura. O que se desenvolve mesmo é o jeito e não a força. Sob o ponto de vista psicológico é vivenciar um universo masculino, mais duro e objetivo, um mundo de poucas palavras e muita ação, coisa difícil para nós mulheres. É uma oportunidade de descobrir o que de fato nela é frágil e forte também, desmistificando uma idéia falsa e obsoleta da feminilidade”.


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Sofrer torna a memória mais exata

Estudo realizado na Universidade de Harvard prova que as boas lembranças podem ser muito menos exatas do que as más.
Uma pessoa que traz boa lembrança de algum evento é muito mais passível de ter sua memória distorcida do que quem tem uma memória negativa sobre o mesmo evento.

As pesquisas foram feitas entre torcidas de diversos esportes. Várias decisões de campeonatos serviram de questionário para os torcedores, ganhadores e perdedores.
Notou-se que a riqueza de detalhes sobre os jogos era extremamente maior nas descrições dos perdedores do que dos ganhadores. Com acertos de 5 para 1. Outros testes foram feitos sobre acontecimentos positivos e outros graves como o atentado ao World Trade Center. Concluiu-se que o detalhamento na descrição era tremendo sobre as tragédias.

Acontecimentos ruins geram a produção de adrenalina e outras substâncias defensivas, que por sua vez despertam maior seriedade, atenção, preocupação e senso resoluto. Já os bons acontecimentos, são acompanhados por prazer, alegria e outras emoções providas de exagero, conteúdo suficiente para distorcer qualquer realidade.

As lembranças ruins podem pulsar na memória, apontando para o perigo, o que gera medo, dúvida e indisposição. Mas, também amadurecem, tornam uma pessoa mais prudente e, muitas vezes, alimentam a vontade de dar a “volta por cima”e alcançar uma compensação. Já as lembranças boas convencem que a vida vale a pena, que a pessoa é capaz, vitoriosa e isso leva à felicidade e a vontade de viver.

Mauro Godoy


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O cérebro dos mentirosos 

Os cérebros dos mentirosos são diferentes dos cérebros de pessoas sinceras, afirma um novo estudo da Universidade da Califórnia. 
O psicólogo Mauro Godoy analisa a presença da mentira nos dias de hoje e como ela afeta nossa sociedade

No dia um de abril, o mundo costuma celebrar o Dia da Mentira. O que começou como uma brincadeira na França se estende até hoje. No século XI, as pessoas mandavam cartas para amigos contando uma “mentirinha” com intenção de provocar algum riso. A tradição continua e o tema nos leva a refletir sobre a presença da mentira no nosso dia-a-dia.

Já na infância a criança lida com a mentira. Sigmund Freud, dizia que a maior defesa das crianças está na capacidade de fantasiar (Tanatos) e, assim, fugir da realidade quando não está boa. No mundo do faz de contas, tudo é possível e a fantasia passa a ser verdade.

“Para a psicologia, este mundo do faz de contas é chamado de ideal de ego, uma projeção do que gostaríamos de ser. Enquanto ainda não somos essa pessoa, muitas vezes vendemos alguém que ainda não existe. E este é o lado saudável da mentira, quando criamos soluções, projetos e virtudes”, explica o psicólogo Mauro Godoy.
Conta ele que o cérebro humano é constituído por duas substâncias: A massa branca, que atua na criação de informações, e a massa cinzenta que as processa. Os mentirosos têm até 26% a mais de massa branca no córtex pré-frontal, onde acontece uma intensa transmissão de informações que ajudam a inventar as mentiras. Além disso, eles têm 14% menos massa cinzenta na área que controlaria os impulsos que usamos para julgar o certo e o errado. Até os cinco anos as crianças têm três quartos de massa branca no cérebro, por isso é natural que ela viva no mundo da fantasia. Após os seis anos, ela passa a contemplar o mundo que está fora e então o realismo começa a tomar conta. Portanto, é depois dos seis anos que os pais devem prestar mais atenção e se preocupar se o filho continuar mentindo.

Conclui o psicólogo que a incapacidade de controlar os impulsos e mentir é um processo semelhante ao do vício do jogo, álcool ou drogas. O melhor tratamento seria esclarecer, e resolver, o motivo que a está levando mentir e desenvolver atividades criativas que exercitem a parte branca do cérebro de modo produtivo para a pessoa.

Mauro Godoy


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